Opinião

O legado da Copa do Mundo para as empresas familiares

Um dos eventos esportivos mais importantes do mundo é exemplo de governança

2 de dezembro de 2022

Por Gilson Faust*

A Copa do Mundo do Catar começou no dia 20 e para quem administra negócios familiares esse pode ser um bom case para a reflexão. O gestor que comanda empresas familiares no Brasil sabe que bons resultados dependem de estratégias táticas e técnicas.

Um evento com a dimensão de uma Copa do Mundo reúne diferentes agentes para o processo decisório e envolve pessoas diferentes, de áreas e segmentos diferentes, por isso muitas ações de governança aplicadas no mundial também são aplicáveis em negócios familiares, a começar pelo planejamento. Quando estamos diante de um projeto que envolve muita gente de áreas e segmentos diferentes, o planejamento impacta diretamente no resultado final.

Planejamento 

O planejamento a longo prazo é um aliado dos negócios. A visão sistêmica dos próximos anos pode trazer benefícios, como uma preparação mais adequada para os impactos econômicos e outras questões relevantes para o projeto. Para se realizar uma Copa do Mundo, por exemplo, a definição do país-sede acontece com anos de antecedência, para essas nações conseguirem se preparar de maneira exemplar. Acompanhe algumas datas para entender como essa preparação acontece:

  • Em 30 de outubro de 2007, o Brasil foi confirmado país-sede da Copa do Mundo de 2014 (7 anos de antecedência);
  • No dia 2 de dezembro de 2010, o Comitê Executivo da Federação Internacional de Futebol (FIFA) escolheu a Rússia como sede da Copa do Mundo 2018 e o Catar como sede da Copa 2022 (8 e 12 anos, respectivamente).

Parte da boa governança é criar visão de longo prazo. Nos negócios, o planejamento de longo prazo é um exercício de gestão que engloba muito mais do que projetar e mensurar resultados pontuais. É nele que a visão, a missão e os valores do negócio familiar tomam corpo e contornos objetivos. Planejar onde o seu negócio estará daqui a três ou cinco anos é poder construir, de forma proativa, como os valores do negócio estarão ainda se conectando com o mercado e atendendo às demandas futuras dos seus consumidores.

A importância dos Conselhos

É impossível falar sobre governança sem falar sobre os Conselhos Administrativos. O suporte técnico é essencial para estabelecer um planejamento coerente e estratégico e a tarefa não é simples. Justamente pela falta de apoio técnico, poucas empresas conseguem estabelecer estratégias para os próximos três a cinco anos, com visão, missão, objetivos e metas definidas para o desenvolvimento do negócio. Ao traçar o paralelo com o Comitê Gestor da Copa do Mundo FIFA 2014 do Brasil, observa-se que para a realização da Copa do Mundo, o comitê era formado por 20 órgãos: 16 ministérios, Advocacia-Geral da União, Controladoria Geral da União e Secretaria Especial de Portos da Presidência da República.

A reunião de pessoas com diferentes expertises contribui, e muito, para a consolidação do planejamento de longo prazo. Do contrário, os macro objetivos sempre irão perder espaço para as urgências do curto prazo, o maior risco para as empresas familiares que querem se estabelecer no mercado.

Os Conselhos Administrativos e Conselhos Consultivos colegiados garantem maior credibilidade à gestão e mostram que o negócio sabe adotar boas práticas de governança, o que resulta em maior solidez para os resultados e maior confiança a todos os interessados no desempenho da empresa (de sócios a clientes). Mas é importante formar um conselho com representantes e especialistas escolhidos de forma meritocrática, afim de garantir longevidade para  negócio e um planejamento sólido de longo prazo. Aproveite a Copa do Mundo para refletir sobre a governança da sua empresa.

*Gilson Faust tem mais de 30 anos de experiência em consultoria empresarial e possui longa atuação em consultoria de famílias empresárias nas regiões do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minhas Gerais.

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