Opinião

O impacto do 5G na Internet das Coisas

Implementação da nova tecnologia promete impactar diretamente a todos

5 de janeiro de 2021

Por André Damiani e Blanca Albuquerque*

Artigo publicado originalmente no Infra News Telecom

A implementação da tecnologia 5G promete impactar diretamente todos os usuários da internet em escala global. Isso porque a nova rede irá ampliar as potencialidades já exploradas pelo 4G, acarretando uma rede com padrões de navegação extraordinários, com alta conectividade e velocidade, bem como uma cobertura universal, permitindo uma conexão com tudo e todos.

Paralelamente, IoT – Internet das Coisas é uma tecnologia que capta e coleta dados permitindo a automação de objetos presentes no cotidiano de uma sociedade por meio da internet. Tal sistema possibilita automatizar desde uma casa até cidades inteiras, as quais são denominadas cidades inteligentes.

A Internet das Coisas propicia que um indivíduo chegue em casa e, por exemplo, a porta se abra com o uso de reconhecimento facial ou digital, automatizando-se preferências de temperatura, música, luz, entre outras coisas. Ao mesmo tempo, o uso de gadgets, como smartwatch, viabiliza o monitoramento contínuo de dados de saúde como controle dos batimentos cardíacos, pressão e oxigenação, facilitando o acesso em hospitais com os dados coletados.

No contexto das cidades inteligentes, o uso continuado de dados possibilita sustentabilidade e maior qualidade de vida para os cidadãos. Além disso, permite o gerenciamento do tráfego, iluminação, estacionamentos, segurança, lixo, e até mesmo a utilização da comunicação entre veículos automatizados, para se evitar acidentes de trânsito.

Para uma melhor exposição, além de viabilizar uma maior e mais rápida conectividade, o 5G fomentará a construção de cidades inteligentes e, consequentemente, a expansão e o avanço da Internet das coisas, o que não é possível hoje com a rede 4G.

Contudo, há entraves, tamanho nível de automação pressupõe a coleta massiva de dados para se viabilizar o processo. Ademais, no quesito segurança, com tantas “coisas” sendo controladas via internet, tudo fica mais suscetível a ataques de hackers, por meio de botnets (dispositivos de IoT escravizados).

Neste sentido, a partir da sanção da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados e a difusão do assunto no Brasil, ficaram estabelecidos parâmetros de proteção de dados que devem ser obrigatoriamente seguidos, protegendo os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.

Em suma, o 5G é uma via de mão dupla. Em virtude do impacto considerável na Internet das Coisas e a irrefreável coleta massiva de dados pessoais, personifica-se um dilema: ao mesmo tempo em que a tecnologia aprimora o uso das “coisas” e torna as cidades inteligentes a partir de conexões ultravelozes, ela também invade a privacidade, desafiando a intimidade e a proteção dos dados das pessoas naturais.

Deste modo, é preciso ter cautela necessária e observância dos parâmetros legais concernentes à segurança digital, para a utilização responsável dos benefícios desse admirável mundo novo da tecnologia 5G.

 

*André Damiani, sócio-fundador do Damiani Sociedade de Advogados e especialista em direito penal econômico

Blanca Albuquerque, associada do Damiani Sociedade de Advogados e advogada especializada em proteção de dados pessoais

Notícias Relacionadas

Opinião

Condomínios terão de comunicar à polícia casos de violência doméstica

Lei deve ter aplicação correta, sem desvios de finalidades

Opinião

Debate sobre estratégia de segurança cibernética precisa avançar

Advogado aborda os desafios na proteção de sistemas de informação, computadores e softwares