Opinião

Justiça não se aprende só

Proibir a criação de novos cursos de Direito na modalidade a distância é uma medida acertada

17 de junho de 2025

Por Rafael Lara Martins*

A recente decisão do Ministério da Educação (MEC) de proibir a criação de novos cursos de Direito na modalidade a distância é uma medida acertada, que reafirma o compromisso com a qualidade do ensino jurídico no Brasil.
Direito, portanto, Justiça, não se aprende só, a distância.

Alinhada ao posicionamento histórico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a iniciativa põe freios à mercantilização do ensino e resgata a seriedade da formação jurídica.

O Direito é, antes de tudo, prática, diálogo, ética e responsabilidade.

Nenhuma dessas dimensões se desenvolve plenamente em ambientes despersonalizados e digitais, nos quais a ausência de contato direto com docentes, colegas e situações reais empobrece a experiência formativa.

O exercício da advocacia exige vivência, debate presencial e constante amadurecimento prático, algo que a modalidade EaD, tal como vem sendo aplicada, simplesmente não proporciona.

A OAB tem sido firme ao afirmar que a graduação em Direito deve preservar padrões mínimos de excelência, sob risco de comprometer toda a estrutura do sistema de justiça.

A entidade já se posicionou de forma contrária à abertura de novos cursos nessa modalidade, bem como defendeu a revogação das autorizações já concedidas, reafirmando sua legitimidade técnica e seu compromisso social.

Ao proibir novos cursos EaD de Direito, o MEC acerta ao colocar a qualidade acima da conveniência. Trata-se de uma escolha responsável, que protege o estudante de ilusões pedagógicas e resguarda a sociedade de profissionais malformados.

A justiça se aprende na convivência, na escuta e no enfrentamento direto das complexidades humanas — e isso não se ensina apenas com cliques. A decisão, portanto, é uma vitória da educação de verdade.

Rafael Lara Martins – mestre em Direito do Trabalho e doutor em Direitos Humanos pela UFG. Presidente da OAB de Goiás e sócio do Lara Martins Advogados.

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