Opinião

2020 e Covid-19: breve reflexão à biblioteconomia e às bibliotecas jurídicas

Alguns temas merecem ser lembrados e analisados com maior ênfase

18 de dezembro de 2020

Por Jéssica Melissa Poquini*

Artigo publicado originalmente no Migalhas

O ano de 2020 e a pandemia do coronavírus trouxeram oportunidade de reflexão para os profissionais atuantes em bibliotecas jurídicas e ao mundo da Biblioteconomia em geral.

Procedimentos, condutas, métodos de trabalho, sistemas de gerenciamento de acervo, padronização e assuntos discutidos de forma morna tornaram-se objeto de fóruns, eventos on-line e grupos de estudos.

Alguns temas merecem ser lembrados e analisados com maior ênfase em 2021:

*Política de indexação e controle de vocabulários controlados – Procedimento que deve ser seguido com padrões muito bem estabelecidos. Neste ponto, algumas mudanças de cenário estão ocorrendo de forma lenta, principalmente no quesito desenvolvimento de sistemas de gerenciamento de acervo. Não descarto aqui a importância do trabalho cotidiano e exaustivo do bibliotecário na tentativa de controlar o vocabulário de sua unidade de informação. Ferramentas como ontologias e web semântica precisam ser objeto de desenvolvimento constante por parte das principais empresas de software de bibliotecas. Sabemos tratar-se de um esforço multidisciplinar, equipe formada por profissionais diversos e alto investimento tecnológico. Todavia, gerenciamento de acervos inclui semânticas específicas.

*Política de padronização descritiva de arquivos eletrônicos – Escritórios que possuem sistemas de gerenciamento de arquivos eletrônicos com permissão de acesso a todos os colaboradores devem estabelecer política de padronização a ser seguida por todos os níveis hierárquicos. Para ressaltar a importância deste procedimento, é necessário, sempre que oportuno, reforçar a divulgação de manuais e cartilhas aos colaboradores com as diretrizes descritivas de padronização, lembrando sua aplicação na prática; arquivos descritos com o mínimo de informações facilitam a recuperação e filtragem da informação.

* Plataformas e livros digitais –   Assunto que tomou força com o cenário atual.  Tema que deve ser melhor trabalhado em várias esferas. O mercado editorial precisa investir mais em títulos digitais, plataformas especializadas em determinada ciência, sempre com respeito aos direitos autorais. Em bibliotecas jurídicas o assunto precisa ser discutido internamente. Frequentemente usuários questionam sobre determinado título estar disponível integralmente nas bases de dados da biblioteca. Estamos falando de respeito aos direitos autorais, e não ao fato da unidade de informação estar ou não adaptada às mudanças tecnológicas. Trata-se de um esforço em conjunto, bibliotecários com a missão de sempre estarem atentos às ferramentas que melhor atendam a organização e as lideranças da organização, assim como em melhor compreender os impactos legais e de responsabilidade.

A tão esperada mudança tecnológica que muitos almejam – e tantos outros temem – é um tema que não pode ser ignorado; está aí, mas não se trata somente da inércia profissional do bibliotecário ou dos produtos disponíveis no mercado. Escritórios especializados requerem ferramentas especializadas, esforço e mão de obra pensante especializadas. Enquanto os mercados jurídico e biblioteconômico tecnológico não se atentarem a este ponto, pouco avançaremos no que realmente é importante e oportuno mudar.

Que 2020 traga reflexão acerca das práticas adotadas e 2021 a oportunidade de discussão para melhorias, aprimoramento e revisão de procedimentos, condutas e métodos de trabalho, em um esforço coletivo.

 

Jéssica Melissa Poquini é bibliotecária no escritório Dias de Souza Advogados Associados. Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela FESPSP. Pós-graduada em Gestão de Projetos Culturais pela USP.

Notícias Relacionadas

Opinião

Considerações sobre a nova CIR e o patrimônio rural em afetação

Intenção do legislador em ampliar possibilidade de crédito no setor agrícola deve prevalecer

Opinião

Conduta de funcionários em redes sociais pode causar demissão

Especialista explica em quais casos a dispensa é justificada