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Brasileiros não confiam nas instituições, revela pesquisa

Levantamento investigou se pandemia influencia em processo de mudança cultural no país

10 de dezembro de 2021

Pesquisa idealizada pela World Values Survey Association e aplicada no Brasil pelo Instituto Sivis, em parceria com o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), revelou que a maioria dos brasileiros não confia nas instituições ou em desconhecidos e que o aumento da inflação vem gerando preocupação. A pesquisa, “Valores em Crise – Terceira onda 2021”, parte da premissa de que as pessoas possuem valores morais que determinam como elas julgam situações e outras pessoas, e, portanto, como elas se comportam em diferentes contextos sociais em tempos de crise.

O estudo investigou se a pandemia de Covid-19 vem influenciando ou não no processo de mudança cultural no Brasil, a partir da transformação de valores sociais e políticos. “Investigamos como a percepção dos entrevistados sobre diversos temas de cultura política (como confiança, solidariedade, apoio à democracia, etc.) tem sido transformada pela experiência com a crise pandêmica; para tanto, foi implementado um estudo de painel longitudinal a fim de examinar as mesmas pessoas nas diferentes etapas da pandemia do coronavírus no Brasil”, comenta Diego Moraes, pesquisador do Instituto Sivis, mestre e doutor em Política Científica e Tecnológica e responsável no Instituto pela execução de pesquisas voltadas para o fortalecimento da democracia e da cultura política.

Ao todo, foram obtidas respostas de 1.301 pessoas que também responderam à primeira e à segunda onda da pesquisa em maio e junho de 2020 e em janeiro e fevereiro de 2021, respectivamente. De acordo com Moraes, “como na segunda onda tivemos um total de 1.929 respondentes, houve uma taxa de retenção de cerca de 67% entre a segunda e a terceira onda, o que é considerado razoável dado o intervalo de sete meses entre as aplicações da pesquisa”.

Os resultados obtidos após a aplicação da primeira e da segunda fase da pesquisa indicaram que, na terceira onda, 26% da população está totalmente de acordo quanto à possibilidade de o governo tomar decisões que passem por cima das leis ou instituições vigentes com o objetivo de resolver e/ou melhorar a vida da população. Em contrapartida, durante o mesmo período, apenas 20,9% da população discorda totalmente de tais ações autocráticas.

Também foi identificado um aumento no percentual de indivíduos que rejeitam totalmente a possibilidade de relativizar a democracia em relação ao observado na Onda 2 da pesquisa (de 17,1% na segunda onda para 20,9% terceira). “Isto significa que, quando o país começa a se recuperar da crise do Coronavírus, os indivíduos voltam se tornar mais aderentes ao regime democrático. Embora esta seja uma boa notícia, os dados do nosso painel evidenciaram a superficialidade das raízes democráticas no coração dos brasileiros, que diante de situações difíceis flertam muito facilmente com alternativas não-democráticas.”, complementa o pesquisador do Instituto Sivis.

A pesquisa também apontou que “manter a ordem da nação” deixou de ser prioridade máxima para os brasileiros, com uma queda de 40,1% para 36,4%. Porém, “Combater a inflação” se tornou a prioridade entre os entrevistados, com um aumento significativo de 29,1% para 37,8%.

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